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Durante anos, 30 pequenos empreendedores e beneficiários do programa Crediamigo, do Banco do Nordeste, foram vítimas de um golpe silencioso. Muitos sequer sabiam que tinham contratos de empréstimo ativos em seus nomes. A descoberta só veio quando as cobranças chegaram — e já era tarde. Os valores, em sua maioria, tinham sido desviados rapidamente por meio de transferências via PIX.
O autor das fraudes é Luan Gomes de Menezes, então agente de microcrédito na unidade do Banco do Nordeste em Uruçuí, vinculada ao escritório regional de Floriano (PI). Entre 2017 e 2022, ele montou um esquema fraudulento para contratar operações de crédito em nome de clientes sem o consentimento deles, desviando os valores para contas sob seu controle.
Como funcionava o esquema 5q5h3m
Luan se aproveitava da confiança que os clientes tinham na instituição e se apresentava como alguém disposto a “ajudar”. Pedia a senha da conta, fotos de cartões e outros dados sob a justificativa de ajudar na instalação do aplicativo do Crediamigo ou no encerramento de contas.
Com posse dessas informações, ele fazia alterações cadastrais, como mudar o número de telefone vinculado às contas, o que impedia as vítimas de receberem alertas ou verificações por SMS. Depois disso, contratava empréstimos em nome dessas pessoas. O dinheiro era rapidamente desviado por transferências via PIX, saques com cartão e, em alguns casos, até movimentações por débito direto.
Só no caso de Antônio Pinheiro Rocha, por exemplo, foram feitas 12 transferências via PIX, totalizando R$ 11.321,00, direto para Luan. O cliente afirmou nunca ter autorizado a operação, nem reconhecido o número de telefone cadastrado em seu nome.
As vítimas e os valores desviados 2e3044
Ao todo, 30 pessoas foram lesadas. Foram identificadas 37 operações fraudulentas, com valores que variaram entre R$ 4 mil e quase R$ 13 mil, totalizando um prejuízo de R$ 224.528,25 ao Banco do Nordeste. Todos os contratos investigados estavam associados à unidade de Uruçuí (PI).
Os nomes das vítimas aparecem em relatórios da Controladoria-Geral da União e do Tribunal de Contas da União (TCU), e incluem agricultores, autônomos e pequenos comerciantes. Muitas dessas pessoas vivem em situação de vulnerabilidade e sequer sabiam que tinham empréstimos ativos.
As condenações de Luan Gomes de Menezes 6a92z
Após o encerramento da investigação e o cruzamento de provas com auditorias internas e externas, o Tribunal de Contas da União foi enfático:
As contas de Luan Gomes de Menezes foram julgadas irregulares;
Ele foi condenado a devolver integralmente os R$ 224 mil desviados;
Foi aplicada uma multa de R$ 275 mil;
Ficou inabilitado por 5 anos para exercer qualquer cargo em comissão ou função de confiança em órgãos públicos;
Em caso de não pagamento voluntário, o débito poderá ser cobrado judicialmente.
Além disso, ele foi demitido por justa causa após confessar os crimes à coordenação da unidade do Banco do Nordeste.
Uma lição para o sistema bancário e para os clientes 46622k
O caso, agora em fase de encaminhamento ao Ministério Público Federal, serve como alerta: mesmo instituições com sólida reputação não estão imunes a fraudes internas. A confiança excessiva em intermediários, especialmente em programas voltados à população de baixa renda, pode se tornar uma brecha perigosa. Por fim, o Tribunal reforça a necessidade de que os clientes nunca compartilhem senhas, cartões ou dados pessoais, mesmo com funcionários aparentemente confiáveis.